
Quem me conhece sabe que sou um cara religioso. Desde sempre. O contato com algo maior, um ser superior que tenha nos criado sempre me envolveu. É mais ou menos a razão pela qual o ser humano inventou a religião: a procura das respostas essenciais. Ao mesmo tempo, também sempre fui um cara fascinado pelas explicações científicas do início do universo.
Eu não me lembro bem quantos anos eu tinha, mas acho que era menos de dez. Tinha um amigo que era Adventista. Um dia a gente estava na casa dele e a mãe do cara começou a falar sobre a religião. E meu amigo veio me mostrar uma figuras de como seria o fim do mundo. E que o próprio estava próximo. Pronto. Minha curiosidade (na falta de uma palavra melhor) explodiu de tal forma que eu quis me aproximar dos adventistas. Um dia até fugi de casa para assistir a uma escola dominical que eles tinha.
Era hora da minha mãe agir e ela me colocou na primeira comunhão, no catolicismo. Novamente a curiosidade aflorou ao ver aquele cara barbudo morrendo pelos nossos pecados. Abracei a Igreja Católica por um tempo. Mas na época da faculdade resolvi procurar outros caminhos. Cheguei a assistir um culto Batista, participar de orações espíritas e até sobre ocultismo eu andei lendo (mas tive uma infecção feia por conta da poeira na Biblioteca da UnB e deixei quieto). Voltei ao catolicismo. Decidi que aquela seria minha religião. Fui coordenador de um dos maiores movimentos de Brasília, quase comecei a estudar para ser padre, tive decepções, decepcionei muita gente e agora estou um pouco afastado. Da igreja, com i minúsculo, o espaço físico. Espiritualmente continuo com a mesma curiosidade expansiva que tinha na minha infância – apesar de saber que corro o risco de ser criticado pelos livros de Leonardo Boff que leio (ops, falei...).
E agora vem a dúvida: o que fazer com meu filho/a? Deixá-lo escolher? Batizá-lo e cuidar para que ele/a seja católico/a também? Sei que os conservadores, aqueles cobertos com a crosta do servilismo e da ignorância baseada em uma falsa fé vão dizer que eu tenho que cumprir minha função de pai e católico. E eu farei isso. De boa vontade, sem hipocrisia. Mas taí outra conversa que terei com ele/a, não mais e nem menos importante como aquela sobre sexo. Minha esperança é que a criação que eu e Fernanda demos seja o suficiente para ele/a não se torne acomodado/a e tenha a personalidade para escolher seu próprio caminho.
Paz e Bem!