
Leloup, em sua caminhada de aprendizado pelo mundo, chegou ao Monte Athos, na Grécia. Lá havia um grupo de homens que viviam meditando. Ele queria conhecê-los. Mas é uma região em que, dependendo da época, o sol castiga e o terreno é difícil. Pois bem, depois de um certo tempo, ele nem sabia mais o que estava fazendo em um lugar tão terrível.
Foi quando viu uma cabana e um monge com um rosário. Leloup chegou e o monge não arredou o pé. Sorriu e colocou o dedo diante da boca, deixando claro que era para permanecer em silêncio. Depois de um certo tempo, o monge notou que o peregrino estava tonto. Fez sinal para ele se sentar e saiu andando. Demorou uma hora e meia, deixando Leloup zangado e impaciente. Aí, notou que o monge voltou com uma lata, daquelas de conserva, com água. Sim, o cara tinha andando uma hora e meia, debaixo de um sol escaldante, para trazer um pouco de água para aquele desconhecido visitante tão cansado.
"O menor ato de puro amor, parece-me, é maior que a mais imponente das catedrais... Naquele dia eu entrava, pois, no cristianismo pela porta larga: uma lata de conserva enferrujada, o infinito de um gesto cotidiano... Há anos que este desconhecido sempre silencioso não cessa de sorrir-me: ficou este espinho de água e de luz cravado na carne crestada de minha história".