quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Trânsito, meu inimigo

Então, Theo, vou tentar mudar até o dia em que você conseguir perceber o contexto em que está incluído. Mas seu pai odeia o trânsito. Odeia a ponto de se transformar em outra pessoa quando está dentro de um carro. Aliás, sua mãe detesta quando estou dirigindo. Ela tem razão. Eu mesmo me detesto.
Quando estou com alguém no banco do passageiro, até seguro a onda – às vezes. Mas se estou sozinho, viro um animal. Como o Senhor Volante, personagem do Pateta em um antigo desenho. Só não xingo e não dou o dedo. O resto – cortar, acelerar até não poder mais, frear bruscamente, andar devagar só para irritar alguém que antes entrara na minha frente – é válido.
Não me sinto orgulho disso, mas também já tem um tempo que seu pai deixou de se preocupar tanto com a imagem de santinho que carregava. Na verdade, daqui para frente eu tenho uma imagem a zerar. Antes que os conservadores me condenem, já que agora eu sou pai, andei para eles. Theo, não estou aqui para ser um exemplo de perfeição para você. Isso seria injusto e uma pressão pra lá de canalha com você.
Seu pai é uma pessoa normal. Mas isso você só vai entender depois dos 18 anos, sei lá. Por enquanto, só guarde isso na sua cabeça: se seu pai se comportar como um animal no trânsito, pode chamar minha atenção. Estou aqui para ensinar e aprender com você. Vou me esforçar para você não me ver como um mestre infalível, mas só como alguém que se comporta muito mal no trânsito e é um doce de pessoa a pé.
Enquanto isso, vamos tentando mudar. Outro dia, vi que essa mudança é possível. Estava eu na minha, me aproximando de um carro que estava a minha direita. Sem dar seta e de repente, ele foi para a minha faixa, tentando pegar um retorno mais a frente. Eu freei e dei uma buzinada. Ele voltou para a faixa à direita, esperou eu emparelhar, encostou as palmas da mão, como uma prece, abaixou a cabeça e pediu que, por favor, o perdoasse. Bobeira se estressar no trânsito, né, Theo?

8 comentários:

Anderson Costolli disse...

Animal no trânsito? Por essa eu não esperava... É, Theo. Talvez você também seja um barbaeiro... Tomara que vc siga outros exemplos. E não desse nanico metido a homem brabo!RSrsrs...

Felipe disse...

1) Você não é normal.

2) A maior malvadeza que você poderia fazer no trânsito seria não parar para uma lagartixa atravessar uma faixa de pedestre. E ainda assim quase morreria de vergonha depois.

3) Você carregará sua imagem de santo até o túmulo. Eu sempre digo: "Ai de quem questionar o caráter probo e libado de Luiz Leonardo Meireles de Oliveira".

4) Há tempos não o lia por aqui.

5) Cordialmente

Anônimo disse...

O Léo com certeza é "alguém que se comporta muito mal no trânsito e é um doce de pessoa a pé", como ele mesmo se definiu... rsrs... eu já presenciei algumas vezes o estressadinho dirigindo.
Beijos, cunhadinha.

Leo disse...

Viu, Felipe, eu sou um cara mal!

berna beat disse...

pequeno leo é o timo glock do planalto

Unknown disse...

Tem q drigir direito... vc tem uma familia!!! Oras...

Felipe disse...

Ah, Jarno Trugleooo!!!!

Titi disse...

Leo, duvido que o senhor volante apareça com o Theo dentro do carro...