quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mais um poema...

O filho que eu quero ter

(Vinícius de Moraes)

É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho
Dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem

De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde vim

Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim

Dorme, menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu

E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus

Dorme, meu pai, sem cuidado
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter

2 comentários:

Unknown disse...

Ai é lindo esse poema =)
TE AMO!!!!

Anônimo disse...

Lendo esse poema me senti como quando vi pela 1ª vez o Eduardo se arrastando para lá e para cá dentro de casa. Algo como: meu "sucessor" está crescendo... Assusta porque me lembra do aumento de responsabilidade (e que a vida é finita), mas alegra muito porque me percebo participando do sábio ciclo da vida. Acho que é isso que prevalece na maior parte do tempo: GRATIDÃO.