sexta-feira, 6 de março de 2009

11 dias na UTI

Pega o carro. Ré. Acelera até chegar ao portão do condomínio. Freia. Espera o portão abrir. Sai e enfrenta o trânsito da EPTG. Oito minutos entre Águas Claras e Taguatinga Norte, Hospital Anchieta. Mais cinco minutos procurando vaga. Aguarda elevador para evitar a passagem pela Emergência e seus doentes. Dá o nome e o RG. UTI neo-natal. Nome do bebê? Theo. Somos pai e mãe. Passa pelo corredor: de um lado uma espécie de local destinado a missas; de outro, o centro cirúrgico. Abre uma porta. Encosta devagar para não assustar os recém-nascidos. Abre outra porta. Mesmo procedimento. Lava a mão com sabonete líquido seguindo seis passos: primeiros as palmas, depois as costas das mãos, a seguir as laterais dos dedos, em seguida as articulações e unhas, continua com o dedão, e por fim a ponta dos dedos. Enxuga as mãos e aquele cheiro doce arrebata as narinas. Enxuga. Espreme a caixinha que contém álcool gel, 70%. Cheiro forte de álcool. Cumprimenta as enfermeiras, nutricionistas, fisioterapeutas ou médicos que por acaso estejam no local.

Isso se repete duas, três vezes por dia, nos últimos 11 dias. E deve se manter como rotina no próximo mês, mês e meio.

Mas toda vez que eu e sua mãe chegamos perto daquela caixa de acrílico, parece que é a primeira vez. E a última. Temos a impressão que alguma hora o doutor ou a doutora vão chegar e dizer: "Podem levar, ele já está ótimo!". Sem pressa, Theo. É bom chegar ali, abrir aquelas portinhas e tocar em você. Sua mãe desliza o dedo nos seus ralos cabelos e você ensaia um sorriso. Mesmo que seja um espasmo muscular involuntário. Não importa. Para nós dois, Theo, são seus primeiros sorrisos. E você abre seus olhinhos com um esforço tremendo. Olha para nós dois. O sorriso vem de novo, seguido de um bocejo e uma espreguiçada regozijante.

Assim, a UTI perde um pouco de seu tom assustador. É somente o lugar para ver minha vida pulsar, abrir os olhos e sorrir.

6 comentários:

Anônimo disse...

Lindo!!! É isso mesmo. É cansativo mas é só chegar lá, abrir aquela porta e sentir aquele cheiro de álcool misturado com bebê que meu coração acelera... lavo as mãos correndo pra ver ele logo. E toda vez que vejo ele parece que o tempo pára, e tudo o que importa é ficar olhando pro Theo e reparando cada detalhe, só observando.
O dia que pudermos trazer ele pra casa seremos completos =)
AMO meus 2 homens.

Anônimo disse...

Leo.... seus textos são lindos, viu? Ahhhh e o Theo é mais lindo ainda! Bjsssss
Fê Cruz

Anônimo disse...

Sem querer ser repetitiva e já sendo, nossos pensamentos, orações e bons desejos estão todos voltados para vocês! Fico aqui acompanhando as notícias pelo blog, esperando poder visitar toda família em breve! Beijos e abraços da Paula e do Quito!

Guilherme Zé Gotinha disse...

Só imagino a ansiedade de vocês. Mas vai dar tudo certo. Já, já o filhote tá em casa. Beijos, Guilherme e Pati.

Anônimo disse...

Eu tb estou aqui na torcida para que esse mês, mês e meio passe rapidamente. Assim sim o Theo, super-saudável,vai começar a dar trabalho para vocês! Beijos
Cibelle

Quito Rossi disse...

Bom saber que as coisas estão correndo bem, apesar da angústia de ver o pequeno Theo na UTI. Eu e a Paula estamos aqui na expectativa de vê-lo sorridente e saudável em casa para poder visitar a família. Tudo de bom pra vocês!