quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Cultura do Medo

– Moço, eu não estou andando sozinho, viu?
Na verdade, eu já tinha notado. Cinco passos atrás estava a mãe ou, enfim, quem estava acompanhando aquela menina de sete, oito anos. Primeiro achei engraçado aquela observação. Depois comecei a pensar em como os pais influenciam e já desde de muito cedo definem boa parte da personalidade da criança. E do futuro adolescente. E do futuro adulto. O que mais me impressiona na observação da menina é o medo. E essa Cultura do Medo (o termo não é meu) cada vez mais presente.

Não estou falando que não exista a violência, que o mundo hoje não seja inseguro ou colocando a culpa na mídia por essa opressão. Só não quero criar você, Theo, em um ambiente que, mais do que violento, seja temeroso pela nossa própria vontade. Não é uma percepção só minha. "Em nenhum momento da história tantas pessoas tiveram tanto medo", escreve Paulo Sérgio Pinheiro na introdução do livro A Cultura do Medo, do norte-americano Barry Glassner. E mais: "Não existe terror no estrondo, apenas na antecipação dele", diz Alfred Hitchcock. E o próprio Glassner indica: "É melhor que aprendamos a pôr em dúvida nossos medos supervalorizados antes que eles nos destruam. Os medos válidos têm sua razão de ser: dão-nos dicas sobre o perigo. Os medos falsos e exagerados causam apenas apuros".

É isso, Theo. Não quero criar você em um mundo de medo. Apenas apontar para você quais as causas do terror, da violência e do próprio medo. Tudo para que você não se antecipe ao ver um estranho caminhando em sua direção e se mostre um ser tão vulnerável. Como todos nós somos.

5 comentários:

Unknown disse...

É dificil mesmo separar o que é medo e o que é precaução.
O pior de tudo é perder a fé nas pessoas e ter medo de todo mundo.
Bjoooos, Lindão

Anônimo disse...

Acho que a preocupação tobo bom pai tem....o importante é não transmitir isso o tempo todo, pois além do medo cria-se o trauma que é bem mais complicado de se tratar.

Adoro seus textos!!

:O*

Paola disse...

Caramba! Já sou recebida com esse texto na primeira vista ao blog... E pensar que eu sou a pessoa mais neura do mundo. Como proteger nossos babies disso?! Ou melhor, como protegê-los do mundo????????

beijos com a certeza de que Theo terá um pai maravilhoso...

Leo disse...

Ah, Paola, tem um monte de textos aí pra trás que você vai se identificar, tenho certeza...

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom